terça-feira, 15 de março de 2016

Maternidade pública de Betim está prestes a ser fechada

Em visita, deputados se mostram contrários ao fim dos atendimentos na unidade, o que causaria superlotação em hospital.

Parlamentares da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visitaram a maternidade municipal de Betim e o hospital regional, na manhã desta terça-feira (15/3/16), para verificar as condições das duas unidades. A prefeitura do município da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) tem ameaçado fechar a maternidade e os atendimentos seriam transferidos para o hospital regional, mas os deputados acreditam que a decisão vai causar problemas para a população e piorar o atendimento.







A Maternidade Pública de Betim Haydée Espejo Conroy realiza, segundo informações oferecidas
aos deputados, cerca de 240 partos mensais, mesma quantidade que o Hospital Regional Público de Betim Professor Osvaldo Franco. “A diferença é a vocação de cada unidade. Para o hospital regional chegam os partos de alto risco, que contam com o apoio da CTI neonatal”, explicou o deputado Ricardo Faria (PCdoB), um do autores do requerimento para a visita.

Ainda de acordo com informações concedidas no local, cerca de 30 médicos já teriam suspendido o trabalho em razão da interrupção do contrato de prestação de serviços por falta de pagamento. O local só estaria atendendo urgências atualmente. “A maioria dos casos já está sendo enviada para o hospital regional, que vem sentindo a superlotação. Ontem, tiveram que enviar algumas das gestantes para o Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte”, disse a diretora do Núcleo Regional do Sind-Saúde, Conceição Pimenta.
Médico da unidade desde a sua inauguração, há 22 anos, o ginecologista Virgílio Queiroz destaca que a maternidade atende a todos os protocolos do Ministério da Saúde para o parto humanizado e que já ganhou vários prêmios, sendo considerada referência estadual. Ele disse, ainda, que no hospital regional há superlotação e alto risco de infecções. “Fechar a maternidade é um erro estratégico que vai repercutir em vários municípios, inclusive em Belo Horizonte. Ontem, pela primeira vez, eu vi o Sofia Feldman sem vagas”, afirmou o médico.

Hospital regional já estaria superlotado
Os parlamentares também foram ao Hospital Regional Público de Betim Professor Osvaldo Franco

Os parlamentares também foram ao Hospital Regional Público de Betim Professor Osvaldo Franco - Foto: Guilherme Bergamini
Depois de visitar o local, os parlamentares seguiram para o Hospital Regional Público de Betim Professor Osvaldo Franco, onde foram recebidos pelo seu diretor, Leonardo Prescia. De acordo com ele, o local já enfrenta alguns problemas com superlotação, mas, caso seja necessário, a estrutura será remanejada para receber os novos leitos na maternidade e prestar o melhor atendimento possível.
Os parlamentares, porém, constataram na visita a falta de condições para essa ampliação. “O coordenador da maternidade acabou de pedir demissão por causa da superlotação que já existe. A taxa de ocupação já é de 140% e não tem estrutura para o pré-parto. Vimos mulheres em trabalho de parto há 5 horas que ainda estão sentadas em cadeiras”, disse a deputada Marília Campos (PT), que também requereu a visita.
O deputado Geraldo Pimenta (PCdoB), outro a pedir a visita técnica, afirmou que o índice de morte materna no último ano já foi alto no hospital regional e que o quadro pode piorar com o fechamento da maternidade.
Os deputados se pronunciaram contrariamente ao fechamento e afirmaram que o Ministério Público estadual se reunirá com eles ainda na tarde desta terça-feira (15) para estudar soluções à questão. Também já está marcada uma audiência pública na ALMG para a próxima terça-feira (22) sobre o assunto. Marília Campos afirmou que serão buscadas soluções e que é preciso estudar como o Estado pode ajudar.
Assembleia Legislativa de Minas Gerais

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